quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

PSICOPATOLOGIA I

PSICOPATOLOGIA I

* Conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano.

* Conhecimento científico que não inclui critérios de valor, não aceita dogmas ou verdades a priori, não julga moralmente o seu objeto.

* Observa, identifica e compreende os diversos elementos da doença mental (especificidade psicológica, vivências do sujeito).

* Tem raízes na tradição médica.

* Tem também tradição humanística: filosofia, literatura, artes e psicanálise).

*Reconhecimento das dimensões humanas no pathos, no sofrimento psíquico.

* É uma ciência autônoma, não é a junção da neurologia com a psicologia.

* Não se pode reduzir o homem à sua enfermidade.

* Exige um pensamento rigorosamente conceitual e sistemático.

* A psicopatologia é uma das abordagens possíveis, mas não é única nem exclusiva.

* Não se podem explicar todas as doenças por meio de conceitos psicopatológicos.

* Deve-se ter atenção em dois fatores primordiais nos estudos psicopatológicos:

1º) Forma do sintoma: estrutura básica, relativamente semelhante entre os pacientes (alucinações, delírios, idéias obsessivas etc).

2º) Conteúdo: o que preenche a alteração estrutural (conteúdo de culpa, de perseguição etc). O conteúdo é, geralmente, mais pessoal. Estão relacionados aos temas centrais da existência humana (sexualidade, segurança e sobrevivência, por exemplo).

· Conceito de normalidade: Há controvérsias do que é normal e o que é patológico.

· Há vários critérios de normalidade e anormalidade:

1) Normalidade com ausência de doença: é considerado normal o sujeito que não é portador de um transtorno mental definido. È um conceito falho e precário, pois define a patologia pelo que ela não é.

2) Normalidade ideal: a normalidade depende de critérios socioculturais, ideológicos, dogmáticos ou doutrinários e da adaptação às normas morais e políticas de uma determinada sociedade (variável).

3) Normalidade estatística: identifica norma e freqüência. Se aplica a fenômenos quantitativos. O normal é aquilo que se observa com mais freqüência. Os sujeitos que se localizam estatisticamente fora ou no extremo de uma curva de distribuição normal, são considerados anormais ou doentes. Nem tudo que é freqüente pode ser considerado saudável, assim como nem tudo que é raro ou infreqüente é patológico.

4) Normalidade com bem-estar: é considerado saudável quem possui bem-estar físico, mental e social. Este conceito é subjetivo, até porque muitos doentes se recusam em aceitar a sua doença.

5) Normalidade funcional: o fenômeno é considerado patológico a partir do momento em que é disfuncional, provoca sofrimento ao sujeito e ao seu grupo social.

6) Normalidade como processo: consideram-se os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, das desestruturações e reestruturações ao longo do tempo, de crises, de mudanças próprias a certos períodos etários.

7) Normalidade subjetiva: percepção subjetiva do próprio indivíduo em relação ao seu estado de saúde (falha: sensação de saúde ou doença “camuflada” p/ o suj.).

8) Normalidade como liberdade: a patologia é vista como perda da liberdade existencial, constrangimento do ser, fechamento.

9) Normalidade operacional: definem-se a priori o que é normal e o que é patológico.

· Deste modo, vimos que os critérios de normalidade e patologia variam consideravelmente e podem ser utilizados por meio de uma associação de vários critérios e exige-se do profissional uma postura permanentemente crítica e reflexiva.

· Na visão psicanalítica, o homem é visto como um ser “determinado”, dominado por forças, desejos e conflitos inconscientes.

· Os sintomas e as síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, desejos que não podem ser realizados, de temores a que o sujeito não tem acesso.

· O sintoma é visto como “formação de compromisso”, um certo arranjo, entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo.

· A resultante desse emaranhado de forças, dessa “trama conflituosa” inconsciente é o que identificamos como sintoma psicopatológico.

· O inconsciente verdadeiro é fundamentalmente incapaz de consciência. É inacessível à evocação voluntária, só tem acesso à via pré-consciente por meio de uma técnica especial de hipnose ou psicanálise. Para Freud, o inconsciente verdadeiro só se revela por meio de “subprodutos” chamados de ‘formações do inconsciente”: os sonhos, atos falhos e chistes.

· O pré-consciente é composto por representações, idéias e sentimentos suscetíveis de serem evocados pelo esforço voluntário.

· Para Freud, a estrutura mental mais importante do psiquismo humano.

· Características do Ics.:

1) Atemporalidade: os processos não são organizados temporalmente.

2) Isenção de contradição: não há lugar para negação ou dúvida. Tudo é absolutamente certo, afirmativo.

3) Princípio do prazer: submete-se apenas ao princípio do prazer. Evita o desprazer.

4) Processo primário; uma idéia poder ceder à outra toda sua cota de energia (deslocamento) ou pode apropriar-se de toda a energia de várias outras idéias (condensação).

· Segundo Freud, o Ics. é dinâmico e está em ação permanente para interditar o acesso à consciência.

· EMOÇÃO X RAZÃO: na tradição do pensamento ocidental, a emoção se opõe à razão ( a emoção cega o homem e o impede de pensar com clareza e sensatez. A emoção e a vida afetiva são vistos como inferior à razão.

· Outras concepções acreditam que a dimensão emocional pode contribuir e outras até hipervalorizam a emoção no processo de conhecimento.

· Catatimia: influência que a vida afetiva, o estado de humor, as emoções, sentimentos e paixões exercem sobre as demais funções psíquicas (Bleuler). A atenção, a memória, a sensopercepção podem se alterar em função de estados afetivos intensos, por exemplo.

· Sintonização afetiva: capacidade de o sujeito ser influenciado afetivamente por estímulos externos.

· Irradiação afetiva: capacidade que o sujeito tem de transmitir ou contaminar os outros com seu estado afetivo momentâneo.

· Rigidez afetiva: o sujeito não deseja, tem dificuldade ou impossibilidade de reagir afetivamente.

· Angústia: importante conceito na teoria freudiana dos afetos. Devido às várias restrições que o sujeito experimenta irremediavelmente durante a vida= “mal-estar na cultura”. A angústia é a maneira de se evitar o surgimento de algo mais ameaçador, um mecanismo de defesa. Tem uma conotação mais corporal e mais relacionada ao passado (sensação de aperto no peito e na garganta).

· Depressão ou melancolia: elaboração inconsciente de perdas reais ou simbólicas. Para não perder totalmente o objeto de desejo, o sujeito identifica-se narcisicamente com ele e o introjeta como seu próprio eu, surgindo assim as auto-acusações, sentimento de culpa, autopunições, idéias suicidas e assim por diante.

· Distimia: alteração radical de humor no sentido de exaltação ou de inibição.

· Ansiedade: estado de humor desconfortável, uma apreensão negativa em relação ao futuro, uma inquietação interna desagradável. Inclui manifestações somáticas e fisiológicas( taquicardia, tensão muscular, tremores, sudorese, tontura etc) e manifestações psíquicas (inquietação interna, apreensão, desconforto mental...).

· Medo: tem um objeto mais ou menos preciso (medo de algo).

· Tipologia de Jung: perda da noção de quem é. Por exemplo: uma pessoa brilhante, com status, um superstar, elimina o homem por trás do papel social que representa.

· Jungianos e lacanianos: imagem construída a partir do exterior. A máscara que colocam sobre nós e acreditamos ser nós mesmos.

· Sombra: elementos inconscientes e inaceitáveis da personalidade. A tendência mais comum é projetar a nossa sombra sobre o outro ou em forma simbólica como demônio, um mito ou fantasma.

· Anima: conjunto de elementos femininos inconscientes presentes em todos os homens. “Resíduos de todas as impressões fornecidas pela mulher”.

· Animus: conjunto de elementos masculinos existentes no psiquismo feminino.

· Self: conceito complexo. Não é propriamente algo que exista, mas algo a que o indivíduo se destina no seu desenvolvimento interior. Não é apenas o centro profundo da personalidade, mas também a sua totalidade. O desabrochar do self resulta do reconhecimento da própria sombra.

· Tipos humanos básicos de Jung: a extroversão e a introversão são duas atitudes básicas em direção da libido que o sujeito utiliza para se adaptar ao mundo, por meio da sensopercepção, do pensamento, do sentimento e da intuição.

· Extroversão: a libido flui em direção aos objetos externos.

· Introversão: a libido recua perante os objetos do mundo externo, voltando-se para seu interior. O mundo externo é ameaçador ou sem importância.

Para Freud, a constituição da personalidade passa estrategicamente pelas vicissitudes da libido, pelo seu desenvolvimento, pelo modo como se estrutura o desejo inconsciente e os modos como o eu lida com seus conflitos e frustrações.

As fixações infantis da libido e a tendência à regressão acabam por determinar tanto os diversos tipos de patologias.

· Formas de organização da libido: (regressão/fixação):

1) Fase oral: tende a avidez no tomar e no receber, não suporta a privação e tem dificuldades com rejeição. Tende a ser passivo e exigentemente receptivo em relação às pessoas que ama. Dependente, sem iniciativa, passivo e acomodado.

2) Fase anal: prazer no reter seus afetos, atos, pensamentos e conhecimentos, como expulsar, expelir esses elementos psíquicos. Os traços de caráter obsessivo e compulsivo, a tendência à avareza, ao desejo de controlar a si mesmo e aos outros, tendências às fantasias de onipotência e pensamento mágico.

3) Fase fálica: tende a um exibicionismo físico e mental, a um narcisismo de suas qualidades, atributos e poderes, ou a uma inibição amedrontada em desejar qualquer coisa que lhe seja de valor. Agressivo, intrometido, julgando-se narcisisticamente merecedor de penetrar em qualquer espaço que considera como seu de direito.

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