quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

PRINCIPAIS CONCEITOS EM PSICANÁLISE

PRINCIPAIS CONCEITOS EM PSICANÁLISE:

*Pressuposto básico: o corpo é a fonte básica de toda experiência mental.

*Determinismo psíquico: não há descontinuidade na vida mental.

Nada ocorre por acaso no que se refere aos processos mentais.

Há uma causa para cada pensamento, para cada memória, sentimento ou ação.

Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente.

A psicanálise investiga e descreve os elos ocultos que ligam um evento ao outro.

* Pulsões: (em alemão: trieb)

Necessidades biológicas com representações psicológicas, que precisam ser descarregadas.

Distinção de instinto que designa padrões fixos hereditários de comportamento animal, típicos de cada espécie (defesa/ sobrevivência).

A pulsão é conceituada por Freud (1915) como sendo “ o representante psíquico dos estímulos somáticos” e os seus componentes são:

1) Fonte: partes do corpo ou zonas erógenas de onde procedem os estímulos e emergem as necessidades.

2) Força: é a quantificação de energia que é usada (a ação) para satisfação ou gratificação do desejo.

3) Finalidade: satisfação imediata que só pode ser obtida por uma “descarga” motora ou pela eliminação do estímulo procedente de alguma fonte.

4) Objeto: “naquilo em relação ao qual ou pelo qual a pulsão é capaz de atingir sua finalidade” (o próprio corpo pode ser fonte e objeto).

5) Investimento pulsional ou catexia: “ocupação”. É o processo pelo qual a energia libidinal (desejo, instinto de vida) disponível na psique é vinculada ou investida. A libido que foi catexizada perde sua mobilidade original e não pode mais se mover em direção a novos objetos.

Princípio do prazer X princípio da realidade: a catexia pulsional demanda uma gratificação imediata, sem minimamente levar em conta a realidade exterior.

Ex: “satisfação alucinatória dos desejos”: devaneios, fantasias, crenças ilusórias, delírios e frustração: chupar o polegar para saciar a fome.

Princípio da constância: homeostase. Visa a obtenção da menor tensão psíquica possível por meio de recurso de evitação e afastamento da fonte de estímulos desprazerosos.

Modelo topográfico (1ª tópica): Topos = lugar (grego) = modelo de lugares, instâncias psíquicas, com funções específicas que estão ligadas entre si e ocupam um certo lugar na mente.

“Aparelho psíquico” = organização psíquica dividida em sistemas; conjunto articulado de lugares (virtuais) composto por três sistemas:

1) Pré - consciente (Pcs): sistema articulado com o Consciente; funciona como uma peneira que seleciona o que pode e o que não pode passar para o Consciente.

É uma parte do Inconsciente, mas que pode tornar-se Consciente com facilidade.

São as porções da memória que são acessíveis.

2) Consciente (Cs): é apenas uma pequena parte da mente e inclui tudo que estamos cientes num determinado momento.

3) Inconsciente (Ics): parte mais arcaica do aparelho psíquico, depósito de repressões, as quais chegam a emergir sob forma disfarçada como os sonhos e atos falhos, sintomas e depois voltam a ser reprimidas.

Contém a “representação de coisa” numa época que ainda não havia palavra para representá-la.

No Ics. estão elementos instintivos, que nunca foram Cs. e que não são acessíveis à consciência. Além disso, há material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido.

Este material não é esquecido ou perdido, mas bloqueado.

Os processos mentais Ics. são “atemporais”.

A maior parte da consciência é inconsciente.

Insatisfeito com o modelo topográfico, por não explicar muitos fenômenos que emergiam na clínica, Freud estabeleceu a sua concepção clássica e definitiva do aparelho psíquico conhecido até hoje como:

Modelo estrutural (2ª tópica): É ativo e dinâmico. Propôs três componentes básicos para a formação da personalidade:

1) Id: “No princípio tudo era Id”. Contém tudo que é herdado. É a estrutura da personalidade, seu conteúdo é quase todo Ics.

Do ponto de vista topográfico coincide com o Ics.

É fonte e reservatório de energia psíquica. É regido pelo princípio do prazer, pelo processo primário. Abriga e interage com as funções do Ego e com os objetos, tanto da realidade exterior quanto das introjetadas.

2) Ego: Desenvolve-se a partir do Id, pela influência do mundo externo e da necessidade de adaptação a este mundo, mas tem energia própria.

O Ego não é sinônimo de Cs., pois tem suas raízes no Ics.

Funciona como mediador entre as pulsões do Id, as exigências e ameaças do Superego e as demandas da realidade exterior.

Garante a sanidade da personalidade.

Como a casca de uma árvore, ele protege o Id, mas extrai dele a sua energia.

Propósito prático da Psicanálise: fortalecer o Ego.

2) Superego: Desenvolve-se a partir do Ego.

Atua como juiz ou censor.

É depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos construtos que constituem as inibições da personalidade.

Possui três funções básicas: auto-observação, consciência e formação de ideais.

Age consciente e inconscientemente.

Constitui-se a partir do Superego dos pais e da cultura.

Fases psicossexuais do desenvolvimento:

1ª) Oral: zona erógena, órgão produtor de libido = “boca” = modelo de incorporação/ expulsão.

A boca é a primeira parte do corpo que o bebê pode controlar.

2ª) Anal: entre os 2 e 4 anos, as crianças geralmente aprendem a controlar os esfíncteres.

Fase da “confusão”.

3ª) Fálica ou edípica: mais ou menos a partir dos três anos, as crianças começam a focalizar as áreas genitais do seu corpo.

Período no qual a criança se dá conta do pênis ou da falta de um.

Meninas: inveja do pênis.

Meninos: medo da castração.

Masturbações, desejos, ciúmes. Sentimentos de querer e temer os pais.

Freud viu crianças nesta fase reagirem a seus pais como ameaça potencial à satisfação de suas necessidades.

4ª) Latência: mais ou menos depois dos 6 anos. Ocorre uma repressão da sexualidade, como uma espécie de “amnésia infantil” relativa às experiências anteriores e à “sublimação” das pulsões, na escolarização, atividades esportivas, formação de aspirações morais, estéticas e sociais. Período de consolidação do caráter.

O período de latência instala-se até a puberdade.

Complexo de Édipo: momento crucial para o desenvolvimento psíquico.

Divergência entre os psicanalistas.

Tragédia grega na qual Édipo se apaixona pela mãe e mata o pai sem saber, e quando descobre, fura seus próprios olhos diante do horror pelo que fez.

Luta entre o desejo pelo genitor do sexo oposto e morte ao do mesmo sexo.

Temor de ser castrado (meninos) e culpa a mãe por ter sido castrada (menina).

Amor X temor.

A resolução do Complexo de Édipo é essencial para a formação da personalidade.

Mecanismos de defesa: tipos de processos psíquicos que constituem em afastar um evento gerador de angústia e percepção consciente.

São funções do Ego e são Ics.:

1) Repressão: impede que um pensamento doloroso chegue à Cs.

2) Divisão/ cisão: característico das primeiras fases da vida: um objeto pode despertar ao mesmo tempo amor e temor.

3) Negação: negar objetos e situações dolorosas.

4) Projeção: projetar no mundo externo uma característica própria.

5) Racionalização: justificativas para defeitos ou falhas pessoais.

6) Formação reativa: atuar contrariamente ao que se deseja como meio de autopreservação ou atitude moralista.

7) Identificação: internalização de características de objetos externos. A permanência nesta fase impede a aquisição de identidade própria.

8) Regressão: voltar a níveis anteriores de desenvolvimento com respostas menos maduras.

9) Isolamento: consiste em isolar um pensamento ou comportamento. O ritual não é associado ao desejo.

10) Deslocamento: descarga de sentimentos acumulados em objetos menos perigosos.

11) Sublimação: é considerado o mais evoluído. Os desejos afetivos considerados sexuais são canalizados para serem satisfeitos em atividades simbolicamente similares e socialmente produtivas.

Atos falhos ou parapraxias.

Sonhos e o simbolismo.

Bibliografia consultada:

FADIMAN, J. & FRAGER, R. (1986).Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra. Cap. 1.

RAPPAPORT, C.R; FIORI, W. R. & DAVIS, C. (1981). Teorias do desenvolvimento: conceitos fundamentais. Vol. 1. São Paulo: EPU. Cap. 2 pp. 11,50.

ZIMERMAN, D. (1999). Fundamentos psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. Porto Alegre: Artmed. Caps. 5 e 6; pp.77,101.

Professora: Mara Rubia R. Martins

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